A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada no último sábado (22) sob a justificativa de que ele estaria envolvido na convocação de uma vigília de apoiadores feita por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, gerou forte reação política — mas o detalhe que chama atenção é outro.
A decisão ocorreu justamente quando um escândalo envolvendo o Banco Master e familiares do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Alexandre de Moraes, ganhava enorme repercussão nacional.
Para a oposição, a coincidência não é inocente e pode ter sido usada como “cortina de fumaça” para desviar o foco do caso.
A operação que resultou na prisão do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, foi deflagrada na terça-feira (18) pela Polícia Federal no âmbito da Operação Compliance, que apura a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras.
A ação veio um dia após o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial do Master, interrompendo negociações de venda para o Grupo Fictor.
A revelação de que o banco contratou o escritório Barci de Moraes, onde trabalham a esposa e dois filhos de Alexandre de Moraes, acendeu ainda mais o alerta político. A informação foi divulgada pela jornalista Malu Gaspar, do O Globo.
O banco não detalha quais processos o escritório atuou, nem os valores pagos. Nos registros públicos, Viviane Barci de Moraes aparece em pelo menos 30 processos no STF, sem ações diretamente associadas ao Banco Master.
O mesmo escritório representou o ministro Moraes e sua família no episódio envolvendo suposta agressão sofrida por ele no aeroporto de Roma em 2023. Além disso, o Master já celebrou contratos com figuras de peso, como o atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, após sua aposentadoria do Supremo, em 2023 — acordo estimado à época em cerca de R$ 100 mil mensais.
O Master tinha em sua carteira um total de R$ 8,7 bilhões em precatórios, que são dívidas do governo oriundas de ações judiciais. O banco tem em andamento uma ação contra a União que trata do recolhimento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), sob relatoria do ministro Gilmar Mendes.
Patrimônio e luxo
O empresário Daniel Vorcaro, alvo central da operação, ficou conhecido nacionalmente por ostentar patrimônio e luxo. Só em 2023, gastou cerca de R$ 15 milhões na festa de 15 anos da filha, com show de Alok, e comprou a mansão mais cara já negociada em Minas Gerais. Ele também detém cerca de 26% da SAF do Atlético Mineiro.
Com o escândalo envolvendo o Master atingindo políticos, magistrados e o sistema financeiro, a oposição agora aponta sincronia entre os fatos. Nos bastidores, parlamentares afirmam que a prisão de Bolsonaro, baseada na convocação feita por Flávio Bolsonaro, teria servido para “abafar” a repercussão do caso.
A frase que ecoa entre aliados do ex-presidente resume o clima no Congresso:
“O escândalo do banco estourou forte demais — e, no dia seguinte, prendem Bolsonaro.”
Para a oposição, coincidência demais para passar despercebida.





