Política e Transparência

CPI do Transporte Coletivo ouve especialistas e o vereador Dr. Lívio afirma que a Comissão vai fazer a sua parte

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Transporte Coletivo da Câmara Municipal de Campo Grande ouviu, dois renomados especialistas em mobilidade urbana e transporte público. A oitiva é parte da etapa final de apuração das responsabilidades e poss






 
O primeiro a depor foi o engenheiro mecânico Jurandir Fernando Ribeiro Fernandes, professor da Unicamp e ex-secretário de Transportes do Estado de São Paulo. Com olhar técnico, Fernandes apontou diversos gargalos no transporte coletivo de Campo Grande, estabelecendo comparações com outras cidades brasileiras. Ele ressaltou que o transporte deve ser encarado como uma política pública, uma vez que não se trata de um simples serviço: é um direito social consagrado no artigo 6º da Constituição Federal, ao lado de garantias fundamentais como educação, saúde, alimentação e moradia.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de vans operarem o transporte coletivo na capital  nos trechos deficitários de usuários, Fernandes  falou que a própria concessionária deveria disponibilizar esse tipo de transporte se o contrato ou licença, o permitir e fez o alerta: “Sou bem franco ao dizer que esse setor, pulverizado, hoje está contaminado pelo crime organizado”.
 
Na sequência, a professora Maria Lúcia Torrecilha, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), apresentou dados técnicos que podem ajudar a melhorar a eficiência do sistema de mobilidade urbana na capital, como a ampliação de corredores exclusivos de ônibus, ampliação da malha cicloviária e reorganização do traçado urbano da cidade. Ela também destacou o impacto crescente dos aplicativos de transporte individual, que vêm substituindo o uso do transporte público em todo o país.
Na coletiva realizada no final da oitiva, o presidente da CPI, vereador Dr. Lívio, destacou a importância histórica da comissão e reforçou o compromisso da Câmara com a população:
“A coisa mais importante que já aconteceu no transporte coletivo de Campo Grande nos últimos 20 anos foi essa CPI. A Câmara Municipal tem um papel de responsabilidade sobre a política pública do transporte da capital, que até hoje não foi levada a sério. Nós temos esse compromisso e a CPI vai entregar o primeiro passo para que se construa uma política pública de transporte coletivo séria e decente.”
 
Dr. Lívio também foi enfático ao cobrar ações do poder concedente:
“O próximo passo quem deve dar é a prefeitura de Campo Grande, que tem sua responsabilidade. A Câmara é uma mediadora nesse conflito e vai apontar as responsabilidades no relatório. Inclusive, vamos exigir, já que isso foi amplamente reconhecido, a troca da frota de ônibus que hoje circula acima do limite de idade prudencial. Quem vai comprar, se é o Consórcio ou a Prefeitura, o contrato irá decidir”, finalizou.
 
A CPI deve apresentar seu relatório final nas próximas semanas, com recomendações formais para o futuro do transporte coletivo em Campo Grande, incluindo exigências de renovação da frota, revisão contratual e, possivelmente, indicações de responsabilidades legais.