O parlamentar afirmou que a capital de Mato Grosso do Sul “parou” quando o assunto é obra de grande porte. Segundo ele, desde as administrações de André Puccinelli e Nelsinho Trad, Campo Grande não viu mais intervenções estruturantes capazes de transformar a cidade. “Se você olhar em Campo Grande após a administração do André, nos oito anos, e após a administração do Nelsinho, nós não tivemos grandes obras de infraestrutura”, declarou Mochi. “Me aponta qual avenida larga foi aberta em Campo Grande, qual avenida foi feita? Foi rasgada a cidade porque a cidade cresce. Aumenta o número de veículos.” O parlamentar foi direto ao ponto ao lembrar que, enquanto o crescimento populacional e o aumento da frota são realidades inegáveis, o planejamento urbano parou no tempo. “Coisa que nós não tínhamos em relação à mobilidade urbana, hoje é um dos maiores problemas de Campo Grande. Você tem alguns bairros que, se chega tarde, você não anda. O trânsito hoje dificultou”, disse. Na avaliação de Mochi, a ausência de visão de longo prazo compromete o presente e aprisiona as administrações seguintes a um ciclo de improvisos. “Não conseguiram projetar e pensar Campo Grande pra dez anos, pra vinte anos. Então penso que isso realmente vem prejudicando hoje o prefeito, a prefeita que está no dia a dia apagando incêndio todo dia, pela falta de recurso e pela falta de planejamento mais de médio a longo prazo.” O deputado fez questão de pontuar que sua análise não tem caráter pessoal ou partidário, mas reflete o olhar de um cidadão que vive e observa a realidade da capital. “Eu falo como cidadão que mora em Campo Grande e tem orgulho de morar aqui. A meu ver, é a mais bela capital do País, uma cidade segura, onde ainda se pode sair à noite, que mantém o lado interiorano e acolhedor.” Ainda assim, o elogio à beleza e à segurança da cidade não apaga a constatação de que o vigor das grandes obras desapareceu. Desde as avenidas rasgadas nas gestões de André e Nelsinho, nenhum projeto de impacto urbano surgiu para dar fluidez ao trânsito ou impulsionar o desenvolvimento econômico. Mochi lembrou que o problema se agrava pela perda de cerca de R$ 300 milhões anuais na cota do ICMS destinada ao município, reflexo da falta de atenção aos critérios de rateio do imposto. “Campo Grande vem perdendo recursos importantes e, sem dinheiro, não há como planejar nem executar obras estruturantes”, alertou. O contraste entre o passado e o presente é evidente. Se antes as gestões municipais deixavam marcas físicas, como avenidas, viadutos, parques, corredores de transporte, hoje o que se vê são promessas pequenas diante de uma cidade que cresceu sem ter para onde expandir. Ao elogiar o potencial da capital, Mochi também deixou no ar uma provocação. “Campo Grande é pujante, cresce, se desenvolve, é um povo ordeiro”, disse, complementando: “Mas eu fico olhando e me pergunto: será que temos demanda pra tudo isso? Será que estamos preparados pra crescer com estrutura, como as grandes capitais do país?” O discurso de Mochi serve como espelho e alerta. Campo Grande segue bela e viva, mas carente de ousadia e planejamento. Depois de André e Nelsinho, o que ficou foi a saudade de um tempo em que a cidade sonhava grande e via o concreto transformar os sonhos em avenidas. Jornal O Consumidor





