Política e Transparência

Petistas defendem traficantes e tomam invertida na Assembleia

Deputados do PT tentam desqualificar operação que enfrentou facção no Rio, mas são confrontados por Coronel David, que defende a ação policial e acusa a esquerda de proteger criminosos






Integrantes da bancada petista na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), os deputados estaduais Pedro Kemp, Zeca do PT e Gleice Jane tomaram uma invertida durante debate na qual um dos assuntos foi a operação policial ocorrida na semana passada nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou na morte de 121 perigosos traficantes e quatro policiais.

A Operação Contenção foi deflagrada pelo governador Cláudio Castro (PL) no último dia 28 de outubro, após mais de um ano de investigação e cumprimento de mandados de busca, apreensão e prisão obtidos pela DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).

A ação teve como objetivo prender lideranças criminosas e combater a expansão territorial do Comando Vermelho, porém, os policiais foram recebidos a tiros e a explosões de granadas lançadas por drones controlados pelos traficantes.

O governo do presidente Lula (PT) se negou a ajudar Castro por três oportunidades, segundo ofícios publicados pelo governador carioca.

Na Alems, o deputado Coronel David reagiu a uma fala do petista Pedro Kemp, que usou a tribuna da Casa para criticar a ação, dizendo que “o combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado não se faz com mortes, mas com planejamento, inteligência e articulação e integração das polícias”.

Kemp comparou com a operação feita na Avenida Faria Lima, em São Paulo (SP), em que mais de R$ 40 bilhões em desvios e lavagem de dinheiro foram desarticulados.

“Quantos tiros aconteceram? Nenhum. Quantas mortes? Nenhuma. Agora, uma operação daquela que aconteceu no RJ resolveu o problema? Não. Hoje eles estão se reorganizando. Então, o que a gente questiona é até que ponto não foi uma operação midiática. A aprovação do governador do RJ subiu, porque ele sabe que uma parte da população aprova isso”, lamentou o deputado.

Em aparte, Coronel David, que já comandou a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, afirmou que a operação no Rio de Janeiro foi planejada por mais de um ano, acompanhada pelo Ministério Público e pela Justiça, com o cumprimento de mandados.

“A esquerda gosta é de bandido. A operação foi totalmente diferente: o morro é um ambiente hostil, com facção altamente armada. Cumpriram mandados de busca e apreensão. Na Faria Lima, ninguém estava escondido com fuzil. Ou fazemos operações como essa, que teve a grande maioria apoiando, ou vamos perder para o crime organizado. E o governador do Rio de Janeiro teve coragem de fazer isso. Outra coisa é que ninguém do PT votou a favor da CPI contra o crime organizado no Congresso Nacional. Quanto à integração das polícias, é retirar poder dos governadores, e isso ninguém vai aceitar”, detalhou Coronel David.

Sem plano de combate ao narcotráfico

Zeca do PT ficou do lado de seu companheiro de bancada e também do presidente Lula, cujo governo não tinha, até então, um plano para combater o narcotráfico no Rio.

Somente após a repercussão negativa é que o Palácio do Planalto passou a defender uma proposta antifacção, que inclui pontos como o aumento de penas e maior possibilidade de confisco de bens de líderes de organizações criminosas.

Aliás, a segurança pública é considerada um dos pontos frágeis do discurso de Lula. A percepção se agravou após ele ter dito, na semana passada, que os traficantes “também são vítimas dos usuários”, o que resultou em críticas de diversos setores do meio político.

“É patética, vergonhosa e inoportuna a fala do deputado (Coronel David), tanto quanto foi a reunião dos governadores. É a velha história do ‘bandido bom é morto’, mas negro e pobre, porque quando é rico eles pedem anistia. Então, vou falar que vamos entrar com requerimento para mandar para o Tribunal de Contas, para saber quem pagou a despesa do governador Eduardo Riedel (PP) para ir participar de uma reunião dessas, que visava a reeleição”, disparou o petista.

Gleice Jane, por sua vez, fez um discurso populista, seguindo a linha petista de campanha, citando por várias vezes as palavras “pobres” e “favela”.

“A operação é para matar pobre, e nós da esquerda estamos aqui para defender a vida, porque a Constituição Federal diz do direito à vida. Nós lutamos por isso, e a Assembleia votou permitindo que o Plano de Segurança Pública fosse aprovado somente pelo Executivo, sem o aval do Legislativo, sendo que nós temos o direito de reivindicar esse debate”, colocou. Conjuntura Online