Durante um evento em celebração ao Dia dos Professores, realizado no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provocou constrangimento ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que foi vaiado por apoiadores do governo ao subir ao palco.
O episódio ocorreu quando Lula decidiu intervir para amenizar as vaias dirigidas a Motta, mas acabou criticando duramente a atual composição do Congresso Nacional, classificando-a como a de “mais baixo nível” da história recente.
“Hugo [Motta] é presidente do Congresso [sic] e ele sabe que esse Congresso nunca teve a qualidade de baixo nível que tem agora. Aquela extrema-direita que se elegeu na eleição passada é o que existe de pior”, afirmou o presidente, olhando diretamente para o deputado.
Tentativa de “socorro” a Motta termina em constrangimento
Hugo Motta, que discursava antes de Lula, foi recebido com vaias e gritos de “sem anistia” vindos de militantes petistas. O presidente, ao perceber o constrangimento do parlamentar, levantou-se, sorriu e dirigiu-se ao lado de Motta, tentando conter a hostilidade da plateia.
Apesar do gesto, a sequência do discurso de Lula transformou a tentativa de apoio em um ataque político à oposição, ampliando o desconforto do deputado, que não respondeu às provocações durante o evento.
A atitude do presidente foi vista como um recado à base oposicionista, especialmente aos parlamentares que têm travado projetos de interesse do governo no Congresso.
Contexto político e reações
Hugo Motta, que preside a Câmara dos Deputados e é aliado de figuras do centrão, tem desempenhado papel relevante na pauta de votações. Sob sua gestão, a Câmara aprovou recentemente o regime de urgência do Projeto de Lei 2162/2023, que trata da anistia a condenados por atos de 8 de janeiro, tema que divide fortemente a base governista.
A fala de Lula foi interpretada por aliados como uma tentativa de mobilizar sua militância contra o Legislativo, ao mesmo tempo em que buscava isolar o centrão em um momento de atrito com o Planalto por cargos e emendas.
Nos bastidores, interlocutores de Motta classificaram a cena como “um constrangimento desnecessário”, e lembraram que o deputado tem mantido diálogo institucional com o governo, apesar das divergências ideológicas. (Com agências nacionais)