Política e Transparência

Agência acusada de fraudes no INSS faturou R$ 4 milhões do STF

Empresa citada em inquérito da PF recebeu recursos da Contag e está sob investigação no Congresso






O STF (Supremo Tribunal Federal) assinou em setembro de 2022 um contrato com a Orleans Viagens e Turismo para serviços de emissão de passagens, elaboração de roteiros e seguro-viagem.

Durante os 12 meses de vigência, encerrados em setembro de 2023, a Corte desembolsou R$ 4,4 milhões à agência.

Na época, o STF chegou a se defender de uma notícia que vinculava a Orleans ao custeio de viagens de ministros para eventos em Nova York, nos Estados Unidos. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (15) pelo portal Metrópoles.

De acordo com investigações da PF (Polícia Federal), a Orleans foi citada em um relatório que apura desvios no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Segundo o documento, a empresa teria recebido cerca de R$ 5,2 milhões da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares), entidade acusada de participação no esquema de descontos irregulares em aposentadorias.

A Contag teve seus convênios suspensos após a abertura da investigação. Conforme o Metrópoles, a confederação transferiu mais de R$ 26 milhões para ao menos 15 destinatários, entre eles a Orleans.

Em documento encaminhado ao Judiciário, a PF destacou que a agência acumulou patrimônio incompatível com o faturamento declarado. A Orleans seria proprietária de 12 veículos de luxo, incluindo um Porsche 911, uma Dodge Ram Rampage e um Volvo XC60.

Alerta do Coaf e movimentações financeiras suspeitas

O relatório da PF também registrou que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) foi acionado por uma instituição financeira que identificou movimentações vultosas da Orleans envolvendo recursos da Contag, sem justificativa aparente de vínculo.

As apurações apontam suspeitas de desvio de recursos públicos, intermediação ilícita, sonegação fiscal e tentativa de burlar o sistema financeiro.

Após ser mencionada no inquérito, a Orleans passou a ser alvo da CCPMI (omissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS. O senador Izalci Lucas (PL-DF) apresentou requerimento pedindo a quebra do sigilo bancário da agência no período entre janeiro de 2019 e julho de 2025.