A Azul Linhas Aéreas anunciou a suspensão dos voos para Três Lagoas, a 325 quilômetros de Campo Grande. A decisão amplia a lista de cidades afetadas pela reestruturação da malha aérea da companhia, que já havia interrompido, no último dia 8, operações em outras 13 localidades, incluindo Corumbá.
De acordo com a empresa, o corte nas rotas é motivado pela valorização do dólar, pelo aumento dos custos operacionais e pela baixa disponibilidade de aeronaves. A medida integra o processo de recuperação judicial iniciado em maio nos Estados Unidos.
“Diante do cenário de alta dos custos operacionais, incluindo o impacto da valorização do dólar e desafios na disponibilidade da frota, esses ajustes são necessários para garantir a sustentabilidade financeira das rotas”, afirmou a Azul em nota oficial.
A companhia pretende concentrar a maior parte de suas operações nos principais hubs — aeroportos que funcionam como centros de conexão — localizados em Viracopos (Campinas/SP), Confins (Belo Horizonte/MG) e Recife (PE).

Impactos em Corumbá
A suspensão preocupa autoridades e empresários, já que Corumbá é porta de entrada para o Pantanal e recebe turistas do Brasil e do exterior para pesca esportiva, ecoturismo e eventos culturais. No primeiro semestre de 2025, o aeroporto local movimentou 17.946 passageiros e possui um projeto de ampliação estimado em R$ 165 milhões.
A prefeitura, a Ordem dos Advogados do Brasil e lideranças empresariais articulam pressão junto ao Governo do Estado para manter a rota que liga a cidade a Campinas, via Bonito, considerada estratégica para o turismo e a logística da região.

Impactos em Três Lagoas
No caso de Três Lagoas, a interrupção dos voos surpreende, já que o município é um dos principais polos industriais do Mato Grosso do Sul e registra alta ocupação média nos voos, entre 120 e 130 passageiros por trecho. A cidade, que abriga grandes indústrias de celulose e química, depende da conectividade aérea para atrair investimentos e manter relações comerciais ágeis.
A prefeitura iniciou negociações com outras companhias, como a Gol, e busca apoio do Governo do Estado para oferecer incentivos fiscais e garantir a operação de novas rotas. O Aeroporto Plínio Alarcon conta com infraestrutura apta para voos comerciais regulares e é considerado peça-chave para a economia local.
Sob recuperação judicial desde 28 de maio, a Azul já firmou acordos de reorganização com credores e arrendadores de aeronaves. O plano prevê levantar US$ 950 milhões em novos investimentos, dentro de um pacote de reestruturação estimado em US$ 1,6 bilhão.
A continuidade das operações nas cidades afetadas dependerá da capacidade da empresa de reverter a crise e da mobilização de governos e sociedade civil para manter as rotas.