Política e Transparência

Como votaram os deputados de MS no no chamado 'PL da Devastação'

O projeto foi aprovado por 267 votos a 116. Ele flexibiliza o licenciamento de obras com risco ambiental e tem grande impacto em MS






A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, conhecido por ambientalistas como o PL da Devastação. Entre a bancada de Mato Grosso do Sul, apenas a base do governo federal votou contra o texto.

O texto — que tramitava há mais de duas décadas no Congresso — foi aprovado por 267 votos favoráveis, 116 contrários e agora segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode vetar trechos da proposta.

A nova lei muda completamente o processo de obtenção de licenças ambientais no Brasil. Segundo seus defensores, como a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), o objetivo é desburocratizar e acelerar obras consideradas estratégicas.

Mas entidades como o Observatório do Clima e o próprio Ministério do Meio Ambiente alertam para riscos à segurança ambiental, aumento da impunidade e desproteção de comunidades tradicionais.

Como os deputados de MS votaram?
Marcos Pollon (PL) - SIM
Beto Pereira (PSDB) - SIM
Dr. Geraldo Resende (PSDB) - SIM
Vander Loubet (PT) - NÃO
Camila Jara (PT) - NÃO
Dagoberto (PSDB) - AUSENTE
Dr. Luiz Ovando (PP) - SIM
Rodolfo Nogueira (PL) - SIM

Quais são as novas regras?
A nova legislação traz mudanças profundas em sete eixos principais:

Criação de LAE (Licença Ambiental Especial): autoriza obras classificadas como “estratégicas” pelo governo, mesmo que tenham alto potencial de degradação. A aprovação será acelerada: o prazo máximo para emissão é de 12 meses, com validade de cinco a dez anos

Dispensa de licenciamento: o texto elimina a necessidade de licença para a ampliação de estradas, atividades agropecuárias, tratamento de água e esgoto, e pequenas barragens de irrigação. Apenas aterros sanitários seguem exigindo permissão ambiental

Renovação automática: permite que licenças ambientais sejam renovadas automaticamente por meio de autodeclaração, desde que não haja mudanças na atividade ou nas regras

Autodeclaração nacionalizada: o empreendedor pode declarar pela internet que cumpre requisitos, sem análise prévia do órgão ambiental. O modelo já usado em alguns estados agora valerá para todo o país, inclusive para empreendimentos de médio porte com potencial poluidor

Enfraquecimento do Ibama e do Conama: o projeto retira poderes desses órgãos federais, transferindo a responsabilidade do licenciamento para estados e municípios. Também anula partes da Lei da Mata Atlântica, facilitando o desmatamento de florestas primárias e secundárias

Desproteção de comunidades tradicionais: terras indígenas e territórios quilombolas não homologados deixam de ser consideradas áreas protegidas para efeitos de licenciamento. Segundo o ISA (Instituto Socioambiental), a mudança afeta cerca de 18 milhões de hectares, o equivalente ao território do Paraná

Risco a sítios arqueológicos: o projeto restringe a atuação do Iphan, que só poderá se manifestar se houver bens históricos já identificados no local. A Sociedade de Arqueologia Brasileira alerta que isso pode causar perdas irreversíveis

A expectativa agora gira em torno da decisão do Planalto: vetar ou sancionar a proposta. (Com g1 MS)