O apresentador Danilo Gentili, de 45 anos, defendeu o comediante Léo Lins, de 42 anos, que foi condenado a oito anos e três meses de reclusão por contar piadas racistas em um show.
Em pronunciamento realizado durante o The Noite, seu programa no SBT, Danilo Gentili afirmou que estava inconformado com a decisão da Justiça.
O apresentador Danilo Gentili, de 45 anos, defendeu o comediante Léo Lins, de 42 anos, que foi condenado a oito anos e três meses de reclusão por contar piadas racistas em um show.
"Todos que expressam uma opinião, seja no teatro, na poesia, na música, na ficção, no livro ou em forma de uma piada, todos podem ser criticados, questionados e até acionados em processos civis. Agora, que não podem hipótese alguma, é serem presos ou alvos de censura. Piadas não fraudam o INSS. Piadas não estimulam golpes. Piadas não matam gente pobre de fome. Piadas não geram gente morrendo no hospital porque o dinheiro da saúde foi desviado. Piadas não geram intolerância não gera um preconceito. Piadas são apenas piadas. Agora, o outro argumento dúbio e fartamente reproduzido na imprensa é de que o humor não é um passe livre para cometer crimes".
Gentili também discorreu sobre o papel do humor na socidade e isentou a prática da relação com crimes. Para ele, cercear o humor, é considerado uma forma de censura.
"E de fato, o humor não é um passe livre para cometer crimes, até porque o humor não comete crimes. Humor é baseado em fantasia, em ficção, em exagero, em jogos de palavras, em associações de quebra de expectativa, em preparações e de e desfechos Humor é uma forma de arte e de escrita como qualquer outra. Humor como outras atividades artísticas existe para brincar, provocar, fazer pensar, causar o alívio em quem tá ouvindo, causar o riso, causar boas sensações e como toda forma artística, a liberdade para se fazer humor, para se contar piadas deve ser protegida".
"Olha, na minha carreira eu cansei de responder a pergunta: 'Qual é o limite do humor?'. E é incrível que muitos artistas não notem a pegadinha por trás dessa questão. Porque a hora que oficialmente tiverem limitado o humor como estão fazendo agora, a próxima pergunta vai ser: Qual é o limite do funk? Qual é o limite da novela? Qual o limite da poesia? Até onde uma música pode ir? Até onde uma ficção pode ir? E é melhor o remake do 'Vale Tudo' não ter a morte da Odette Roitman. Porque vai que queiram prender o ator ou atriz que matou ela por homicídio, porque é aqui que a gente tá chegando".
O apresentador ainda comentou que as pessoas defendem a condenação de Léo Lins ainda serão vítimas do mesmo sistema que que hoje estão aplaudindo. Neste momento, ele citou a classe artísticas, jornalística e demais profissionais da comunicação em geral.
"Desde Aristófanes, na Grécia antiga, a sociedade entende que comédia e ficção são uma coisa e que realidade é outra coisa. Agora, nos últimos tempos, algumas autoridades passaram a tratar comédia e ficção como se fosse verdade. Isso não é progressismo, isso é regressão. Uma sociedade que não sabe a diferença entre ficção e realidade, entre piada e verdade, não é uma sociedade do futuro, é uma sociedade pré-tribal. E a comédia, a ficção e a arte existem como válvulas de escape".
"Válvulas de escape para a gente poder rir e se distrair em um mundo que é muito duro, cruel e que a gente tem que engolir muitas mazelas de muitas autoridades. Pagar imposto, aguentar tudo quieto e calar a boca. E a piada e a comédia vem para dar alguma válvula de escape. Se um músico não pode subir no palco para cantar a música dele, para quem gosta da música dele, algo tá errado. Se um comediante não pode subir no palco para contar as piadas dele, para o público que comprou ingresso e quer ouvir aquelas piadas e gosta daquele tipo de piada, algo tá muito errado. E se a gente como sociedade. Passar a aplaudir decisões que silenciam artistas, independente da arte que eles expressam, algo está muito errado e a gente está na beira do abismo. mesmo".
Em determinado momento de seu discurso no The Noite, Danilo Gentili lembrou da vez em que foi preso por fazer piadas preconceituosas. Na época, ele foi condenado em primeira instância, mas não ficou em reclusão, pois pôde responder em liberdade. Ele recorreu e saiu vitorioso na segunda instância, o que reverteu sua condenação.
"Essa é a segunda vez aqui no Brasil, que um comediante é condenado à cadeia em primeira instância. A primeira vez aconteceu comigo, alguns anos atrás. Eu fico na torcida para o bom senso prevalecer na segunda instância do Leo Lins, assim como prevaleceu na segunda instância da minha condenação. Eu torço para que o Leo não seja preso, a gente não precisa dessa piada de mau gosto, que é prender comediante por contar piadas". (Com Portal Terra)_