Brasil

Senador Plínio Valério é denunciado por incitação à violência contra Marina Silva

Deputadas de nove partidos acionam Conselho de Ética após fala considerada violência política de gênero durante CPI das ONGs.






Deputadas federais de nove partidos apresentaram uma representação no Conselho de Ética do Senado contra o senador Plínio Valério (PSDB-AM) após declarações consideradas misóginas e violentas contra a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

O episódio aconteceu durante uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, vinculada à CPI das ONGs, no último dia 27 de maio. Marina foi chamada a prestar esclarecimentos sobre supostas irregularidades na atuação de organizações não governamentais na Amazônia.

O objetivo da CPI é investigar o uso de recursos públicos e estrangeiros destinados a ONGs que atuam na região amazônica, questionando sua transparência e impacto sobre as comunidades locais e o meio ambiente.

Durante mais de seis horas de audiência, Marina respondeu a questionamentos e defendeu o trabalho de organizações que atuam em defesa da floresta, ressaltando que o combate ao desmatamento e às práticas ilegais é realizado em parceria com várias dessas entidades.

A ministra também afirmou que a atuação do Ministério do Meio Ambiente é baseada na legalidade, na preservação ambiental e na busca pelo desenvolvimento sustentável, além de ter rebatido acusações infundadas feitas por parte dos senadores alinhados a setores que criticam a política ambiental do governo.

Foi nesse contexto que, fora da audiência, durante um evento no Amazonas, o senador Plínio Valério disparou a frase que gerou indignação: “Imagine o que é tolerar Marina Silva por seis horas e dez minutos sem enforcá-la.”

A declaração gerou forte reação no meio político e na sociedade civil, sendo considerada violência política de gênero, incitação à violência e uma afronta ao decoro parlamentar.

Na representação apresentada ao Conselho de Ética do Senado, as parlamentares afirmam que a fala ultrapassa os limites da imunidade parlamentar e configura grave quebra de decoro, além de contribuir para a naturalização da violência contra mulheres na política. Marina reagiu: “Quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso”, afirmou a ministra.

O senador, por sua vez, alegou que a fala foi uma “brincadeira” e que não se arrepende do comentário.

A representação foi assinada por deputadas de partidos como PT, PDT, Podemos, União Brasil, PCdoB, PSD, Solidariedade, PSB e PSOL, além do deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE).

O Conselho de Ética do Senado agora avaliará se abrirá processo contra Plínio Valério. As sanções possíveis vão desde advertência até a perda do mandato, conforme prevê o Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal.

Este episódio reacende o debate sobre os desafios das mulheres na política, o combate à violência política de gênero e os limites do discurso no exercício da atividade parlamentar.