Presidente da Comissão de Segurança Pública e Defesa Social da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), o deputado estadual Coronel David (PL) reconheceu falhas no sistema de proteção a vítimas de violência contra a mulher e defendeu, nesta terça-feira (18), novos protocolos para prevenir casos como o da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada a facadas pelo músico Caio Nascimento, de quem era noiva.
Na prática, o deputado admite a fragilidade da atuação da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher), embora não tenha dito isto.
Órgão vem sendo criticado pela imprensa
“Estabelecemos em conjunto os protocolos que precisam ser alterados e vamos trabalhar para aperfeiçoar o sistema. Mato Grosso do Sul criou estrutura para facilitar as denúncias, mas precisamos evoluir para evitar novos casos”, afirmou Coronel David.
O parlamentar destacou que a morte da jornalista Vanessa deve servir como um marco para mudanças concretas na abordagem da violência contra a mulher.
Os números mostram a gravidade da situação: em 2024, foram registrados 20 mil boletins de ocorrência de violência doméstica no estado, resultando na expedição de 5 mil medidas protetivas. Em 2025, já são 1.300 registros.
Coronel David reafirmou o compromisso da Alems em unir esforços com os órgãos competentes para fortalecer a rede de proteção e evitar novas tragédias.
“Vamos trabalhar para que possamos ter uma rede de proteção mais eficiente e evitar esses casos que certamente causam um constrangimento e um sofrimento muito grande dentro da sociedade. Eu saio satisfeito de ver os órgãos se movimentando no sentido de que se houve falha no sistema, é importante que todos nós agora possamos aperfeiçoar os protocolos e evitar que situações como essa, possam acontecer novamente”, finaliza o deputado.
Assassinato
Vanessa Ricarte foi esfaqueada pelo ex-noivo na tarde de quarta-feira (12), e morreu horas depois na Santa Casa de Campo Grande. A jornalista é a segunda mulher vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano e a primeira da capital.
O caso causou grande comoção na cidade e reacendeu o debate sobre a segurança das mulheres e as medidas necessárias para prevenir a violência de gênero. Movimentos feministas e entidades de defesa dos direitos das mulheres reforçaram a urgência de políticas públicas mais eficazes no combate ao feminicídio e na proteção às vítimas de violência doméstica.
Deam
As duas delegadas, Lucélia Constantino e Riccelly Donha, que atenderam a jornalista Vanessa Ricarte na Deam de Campo Grande, pouco antes dela ser assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, pediram afastamento de suas funções após a grande repercussão negativa sobre o atendimento prestado.
A decisão foi comunicada após a reunião realizada nesta terça-feira (18) na Assembleia Legislativa, onde o caso foi discutido com representantes do governo e da sociedade.
A delegada responsável pela titularidade da Deam, Elaine Benicasa, também ofereceu o cargo até que o caso seja completamente apurado.
O caso envolvendo Vanessa Ricarte ganhou ainda mais gravidade após a divulgação de gravações feitas pela jornalista pouco antes de sua morte. Em uma das mensagens, a delegada Lucélia Constantino teria orientado Vanessa a entrar em contato com Caio, pedindo que ele deixasse a residência. Ao retornar para sua casa, Vanessa estava acompanhada apenas por um amigo e sem a presença policial, sendo brutalmente atacada com três facadas.
As gravações se espalharam nas redes sociais, gerando indignação e intensificando as críticas sobre o tratamento dispensado às vítimas de violência doméstica pela Deam. O episódio expôs falhas no atendimento e gerou um debate sobre a necessidade de melhorias no serviço de proteção às mulheres em situação de risco.