Política e Transparência

Senado reage e prepara freios ao STF após lambança de Gilmar Mendes

Pressão por mudanças a decisões do STF ainda conta com defesa de PEC com abertura automática de processos






Fim de decisões tomadas por apenas um ministro, criação de novas regras para processos de impeachment que envolvam o Supremo Tribunal Federal e movimentações da oposição para restringir ações do STF fazem parte da reação do Congresso à decisão do ministro Gilmar Mendes, que limitou a apresentação de pedidos de afastamento de membros da Corte.

O magistrado decidiu que pedidos de impeachment contra algum ministro do STF devem ser apresentados apenas pela AGU (Advocacia-Geral da União), retirando previsões que valem atualmente, como a possibilidade de solicitações entre senadores.

A determinação ainda será analisada pelos demais ministros em julgamento virtual na próxima semana.

No entanto, a posição mudou o foco na Câmara e do Senado, que agora trabalham com a retomada de pautas ligadas à Corte, que até então estavam fora do radar.

O maior destaque está voltado para a elaboração de um nova lei do impeachment. O projeto estava parado no Senado desde 2023, mas deve avançar até o fim do ano.

A proposta amplia a quantidade de autoridades que podem passar a ser alvo de um processo de impeachment por conta de crime de responsabilidade, além de manter a previsão de que qualquer pessoa pode apresentar um pedido contra magistrados.

A expectativa de senadores é de que o texto seja votado ao menos na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) ainda neste ano. A decisão em resgatar o projeto veio a pedido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), no mesmo dia da decisão de Gilmar.

Decisões monocráticas

No mesmo dia da decisão de Gilmar Mendes, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou, um projeto de lei que limita decisões monocráticas de magistrados em relação a leis aprovadas pelo Congresso Nacional.

Pela proposta do deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), quando um ministro do Supremo tomar uma decisão individual, ela deverá ser submetida obrigatoriamente ao plenário da Corte na sessão seguinte.

Caso isso não ocorra, a decisão perderá a validade em 24 horas. Além disso, as decisões monocráticas devem ser justificadas, com as razões que motivaram a sua urgência.

A proposta também restringe o direito de partidos políticos de recorrerem individualmente ao STF para derrubar leis ou decisões tomadas pelo Poder Executivo.

O texto foi aprovado em caráter terminativo, por isso agora segue para análise no Senado, sem a necessidade de passar pelo plenário da Câmara.

Do lado do Senado, uma PEC que também restringe decisões monocráticas foi enviada à Câmara e está parada desde 2024. Nesta semana, Alcolumbre sinalizou que conversando com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e que colocará as pautas sobre o tema em votação.

Estratégia da oposição

Oposicionistas, por sua vez, anunciaram apoio a uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) na Câmara para simplificar processos para o impedimento de ministros do Supremo.

A proposta cria novos parágrafos no artigo 52 da Constituição, estabelecendo regras mais rígidas para delimitar a atuação do STF e reafirmar o papel exclusivo do Senado na condução desses processos.

A proposta é voltada para facilitar a suspensão de ministros da Corte, permitir que qualquer pessoa possa apresentar pedidos de impeachment e garantir a abertura automática de processos quando houver apoio de 1/5 dos senadores.

O texto está em fase de coleta de assinaturas na Câmara e, até sexta-feira (5), contava com apoio de 83 deputados. Para ser apresentado formalmente, são necessárias 171 assinaturas. (Com informações do R7)