O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta uma crise institucional explícita. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), romperam a sintonia com líderes do PT, criando um ambiente que ameaça votações essenciais como LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e LOA (Lei Orçamentária Anual).
Governistas admitem: a articulação política do Planalto não funciona e perdeu o controle do diálogo com o Congresso.
De acordo com reportagem do Metrópoles, a crise explode no momento em que o governo é atingido por denúncias graves, incluindo o desvio de R$ 6,3 bilhões das contas de aposentados e pensionistas do INSS.
Outros casos seguem sob investigação e reforçam a percepção de desorganização e falta de controle interno. Resultado: popularidade de Lula em queda e confiança abalada no Congresso.
Na Câmara, o líder petista Lindbergh Farias bate de frente com Motta e não recua. No Senado, Jaques Wagner tenta manter diálogo, mas Alcolumbre o ignora desde que Lula decidiu indicar Jorge Messias ao STF, contrariando expectativas e irritando a cúpula da Casa Alta.
Indicação ao STF detonou a ruptura
A relação azedou quando Lula ignorou articulações prévias e oficializou Messias para ocupar a vaga deixada por Barroso. Alcolumbre, que sustentava indicações importantes no governo, considerou a decisão uma afronta. Desde então, o Senado travou a agenda do Planalto.
Aliados afirmam que Alcolumbre não atende Jaques Wagner e que a sabatina de Messias não deve ocorrer este ano — podendo ficar somente para 2026, um recado claro de força e insatisfação.
Diante disso, o Palácio do Planato tenta apagar incêndio, mas cenário é desfavorável. Cabe agora a Randolfe Rodrigues e José Guimarães tentar recuperar o diálogo, mas mesmo dentro do PT a avaliação é que, sem reorganização política e resposta firme aos escândalos, o governo continuará perdendo espaço no Congresso.
A crise também expõe a fragilidade da equipe econômica, incapaz de conter a sangria nas contas públicas. O governo não conseguiu estancar o rombo crescente, que deve fechar o ano com déficit superior a R$ 100 bilhões, segundo projeções internas, minando a confiança do mercado e reforçando a percepção de que falta comando e coordenação na política fiscal.
A instabilidade aumenta a pressão sobre o Congresso e agrava o desgaste político do governo comunista liderado por Lula.
Motta e Lindbergh trocam farpas
Na Câmara, o descontentamento é público. As trocas de farpas entre Lindbergh Farias e Hugo Motta começaram ainda na aprovação do Projeto de Lei (PL) Antifacção. Na ocasião, o líder do PT afirmou que houve uma “crise de confiança” depois que a proposta do governo foi aprovada conforme o texto apresentado pelo relator, Guilherme Derrite (PP-SP).
Motta se pronunciou no X (antigo Twitter) na defesa do projeto e disse reiteradas vezes que o texto não se trata de “projeto de direita ou esquerda”, até que, nesta segunda-feira (24/11), assumiu publicamente o rompimento: “Não tem coisas vindas dele, o presidente não acolhe”.
Linbergh deu de ombros. Na mesma rede social, acusou Motta de ter uma “conduta imatura” no comando da Câmara e, em seguida, disse a jornalistas que o Congresso “não é um grupo de amigos” e que o Centrão “não indica líder do PT”, em uma alfinetada ao presidente da Casa, que integra o grupo político.





