Um motorista de aplicativo socorreu uma adolescente de 16 anos que corria desesperada pelas ruas do bairro Santo Eugênio, em Campo Grande, na noite de quarta-feira (30/07). Ela fugia do subtenente da Polícia Militar, Mauri de Oliveira, de 50 anos, com quem mantinha um relacionamento há pouco mais de um ano. O militar, armado, efetuava disparos para o alto enquanto perseguia a jovem pelas ruas do bairro.
De acordo com o motorista, ele aguardava uma corrida por volta das 23h30 quando viu a adolescente correndo e pedindo ajuda. “Parei o carro e, logo em seguida, um homem virou a esquina correndo e atirando para cima. Ela saiu correndo e ele foi atrás. Dei a volta na quadra e consegui pegar ela na outra ponta”, relatou.
Ainda segundo ele, a jovem estava visivelmente em pânico e, num primeiro momento, não conseguiu entrar no veículo devido ao susto causado pelos tiros. “Ela atravessou correndo uma praça e conseguiu entrar no carro. Estava muito cansada, exausta de tanto correr”, contou. O motorista então dirigiu por cerca de 2 quilômetros até a Avenida Eduardo Elias Zahran, onde encontraram uma viatura da Polícia Militar e pediram socorro.
Durante o trajeto, a adolescente contou ao motorista que havia terminado o relacionamento com o subtenente, mas ele não aceitava o fim. Relatou ainda que havia tentado se abrigar na casa de um vizinho, sem sucesso, e então correu pelas ruas em busca de ajuda.
A polícia acionou o subtenente, que foi até o local acompanhado da mãe da adolescente. Todos foram levados para a delegacia e uma equipe da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) foi chamada. A arma do militar foi apreendida, e ele foi preso em flagrante pelos crimes de ameaça, injúria e disparo de arma de fogo.
A mãe da adolescente relatou à reportagem que ambas vieram de Bela Vista para Campo Grande há cerca de um mês e que estavam morando na casa de Mauri de Oliveira, que era amigo da família. Ela afirmou que o namoro entre sua filha e o subtenente tem mais de um ano. Questionada sobre a diferença de idade entre os dois, a mãe respondeu: “Não sei, deve ter uns 50 e pouco. Hoje em dia não dá para entender a cabeça dos adolescentes”.
Ela também revelou que a adolescente passa por tratamento no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) . O subtenente foi levado para exame de corpo de delito e, após os trâmites legais, deverá ser encaminhado ao Presídio Militar Estadual, onde aguardará a decisão da Justiça em audiência de custódia.
A Polícia Militar não divulgou até o momento nota oficial sobre o caso. O procedimento interno de apuração disciplinar também deverá ser instaurado pela Corregedoria da corporação.