Geral

Japão atinge velocidade de internet que poderia baixar biblioteca da Netflix em 1'

Embora ainda não tenha sido testada de forma independente, a capacidade de transmissão alegada pelos pesquisadores atinge 127,5 mil Gbps de velocidade, equivalente à capacidade de 19 fibras ópticas padrão






Já imaginou baixar o catálogo inteiro de filmes e séries da Netflix em um piscar de olhos? E que tal ter acesso a todas as páginas da Wikipédia em um único segundo?

Pois é exatamente isso o que pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação do Japão disseram ter tornado realidade ao bater um novo recorde mundial de velocidade na transmissão de dados: 1,02 petabits por segundo (ou 127,5 mil Gbps).

O valor é mais do que o dobro do recorde mundial anterior de 50,25 mil Gbps, estabelecido por uma equipe diferente de cientistas em 2024.

A tecnologia foi originalmente apresentada no dia 3 de abril, durante a 48ª Conferência de Comunicação por Fibra Óptica, realizada em São Francisco, nos EUA.

Nova fibra óptica

A nova fibra óptica desenvolvida é equivalente a 19 fibras ópticas padrão em sua capacidade de transmissão de dados. Em comunicado, os responsáveis indicam que ela é mais adequada para transmissões de longa distância do que os cabos existentes, pois os centros de todas as 19 fibras interagem com a luz da mesma forma, sofrendo menos flutuações luminosas, o que resulta em menor perda de dados.

O cabo mais recente comprime 19 fibras separadas em um diâmetro de 0,127 milímetros, a mesma espessura da maioria dos cabos de fibra única já em uso. Essa iniciativa significa que o novo equipamento pode transmitir mais dados usando a infraestrutura existente – a qual já conta com 1,4 milhão de km de cabos submarinos.

Em março de 2023, a mesma equipe atingiu velocidades de transmissão semelhantes, mas em menos de um terço da distância percorrida pela nova tecnologia. Os maiores obstáculos para aumentar o alcance foram reduzir ainda mais a perda de dados, que pode ocorrer em longas distâncias, e descobrir como amplificar os dados, como destaca o portal Live Science.

A solução desses desafios levou ao aumento da intensidade do sinal, o que permitiu que os dados viajassem por distâncias maiores. Nesta demonstração, os dados passaram por um sistema de transmissão 21 vezes, chegando finalmente a um receptor de dados após percorrer o equivalente a 1.700 km.

Aumento da demanda por redes rápidas

Como lembra site CNET, uma regra bem conhecida no mundo das redes, chamada Lei de Nielsen, afirma que a velocidade de conexão de um usuário de internet de ponta cresce cerca de 50% a cada ano, dobrando a cada 21 meses. Essa tendência é observada desde 1983.

Na prática, isso significa que, se um usuário de internet de ponta tem velocidades de 1 Gbps atualmente, em uma década, não é difícil imaginar que sejam 10 gigabits por segundo. Para acompanhar uma demanda crescente como essa, a tecnologia precisa quebrar muitos outros recordes.

Este registro mostra o progresso tecnológico em direção ao desenvolvimento de sistemas de comunicação óptica de longa distância e alta capacidade, que poderiam atender à crescente demanda global por dados. O volume de tráfego de dados em todo o mundo deverá aumentar significativamente em um futuro próximo.

Por mais que a velocidade sugerida nos estudos ainda não tenha sido verificada de forma independente, a equipe já planeja seus próximos passos. Dentre eles, espera-se explorar aplicações práticas na área de telecomunicações. E quanto tempo vai demorar para você ter uma internet do tipo em casa? Bem, aí já é papo para outro texto. (Com Galileu)