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Desembargador Sérgio Martins é acusado de ocultar origem de quase R$ 900 mil

Investigação mostra gastos ocultos, uso de assessores e suspeita de venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de MS






A vida de luxo bancada em dinheiro vivo veio à tona: documentos da Operação Ultima Ratio mostram que o desembargador Sergio Fernandes Martins, do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), pagava contas altas na base do "cash", sem passar pelo banco e ainda usava servidores para quitar suas dívidas, informa o portal Voz MS.

De acordo com a publicação, a Polícia Federal encontrou em sua casa planilhas que detalham uma gastança de quase R$ 900 mil em apenas 11 meses.

Desse total, pelo menos R$ 192 mil foram pagos direto no dinheiro e mais de R$ 143 mil em compromissos sem nenhuma explicação sobre a forma de pagamento.

O que chamou atenção dos investigadores foi a matemática que não fecha: o desembargador praticamente não sacava dinheiro do banco — foram apenas cinco saques em dois anos, somando R$ 3.300. Mesmo assim, sobrava grana em espécie para quitar dívidas e fazer pagamentos até em lotéricas, prática típica de quem quer fugir dos registros bancários.

E tem mais: uma parte dos boletos e dívidas pessoais de Sergio Martins foi paga por servidores do próprio tribunal, usando contas particulares. Só aí, a PF calcula mais de R$ 96 mil saindo do bolso de funcionários públicos para ajudar o chefe.

A situação ficou ainda mais estranha porque o controle de despesas dele simplesmente ignora gastos normais do dia a dia, como supermercado, gasolina, cartão de crédito e alimentação — como se tudo isso fosse pago "por fora".

Pressionado, o desembargador tentou explicar: disse que o dinheiro em espécie vinha dos seus salários e de "doações" que recebia do pai, também desembargador aposentado. Mas a Polícia Federal não engoliu a história. Para os investigadores, tudo indica que a origem da fortuna é ilegal — e pode ter relação direta com a venda de sentenças no Judiciário de MS.

Agora, cabe ao STF e à Procuradoria-Geral da República decidirem se Sergio Martins e outros desembargadores envolvidos vão responder formalmente pelos crimes.