O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, autorizou seus negociadores a entrar em conversas detalhadas para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns com o Hamas, disseram uma autoridade israelense e uma fonte familiarizada com as negociações.

A decisão sinaliza que Israel e o Hamas estão entrando em uma nova fase de negociações, que pode produzir um acordo final em questão de semanas, se bem-sucedida.

Nesta quinta-feira (4), o governo de Netanyahu e o grupo armado pareciam tentar minimizar os últimos desenvolvimentos em declarações escritas. Enquanto isso, pessoas envolvidas nas negociações expressaram otimismo cauteloso.

Por meses, Israel e Hamas se envolveram em negociações mediadas focadas em tentar chegar a um rascunho de acordo, intencionalmente deixando detalhes-chave — como a identidade dos prisioneiros palestinos a serem libertados em troca de reféns — de lado no primeiro momento.

O avanço nas negociações ocorreu no início desta semana, depois que os Estados Unidos propuseram uma nova linguagem para duas cláusulas-chave (8 e 14), focadas no escopo e na sequência das negociações programadas para ocorrer durante a primeira fase do acordo, a fim de desbloquear a segunda fase do entendimento.

O Hamas concordou amplamente com a nova linguagem, destravando negociações detalhadas após a aprovação de Netanyahu.

O diretor do Mossad, a agência de inteligência de Israel, David Barnea, que liderou a equipe de negociação do país, deve comandar a delegação de negociação para a nova rodada de conversas detalhadas, informou uma fonte israelense.

As negociações devem ser realizadas em Doha, no Catar, começando já nesta sexta-feira (5), de acordo com um alto funcionário do governo dos Estados Unidos.

Negociações devem durar de duas a três semanas

O diretor do Mossad deve se reunir com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, para discussões que visam aproximar as partes de um acordo em Gaza, segundo uma fonte com conhecimento das negociações.

Essas negociações devem durar de duas a três semanas, segundo a fonte israelense, para resolver questões como as identidades dos prisioneiros palestinos a serem libertados, a proporção exata de prisioneiros para reféns e o sequenciamento técnico das libertações.

Basem Naim, um membro do esritório político do Hamas, disse à CNN: “não há nada oficial sobre um acordo efetivo de cessar-fogo. A mídia inimiga está falando sobre enviar uma delegação ao Egito, mas não há nada oficial ou detalhes. As negociações ainda não começaram”.

“Também estamos esperando uma resposta positiva do lado israelense, que iniciará as negociações sobre os detalhes do acordo”, acrescentou Naim.

“Não temos informações sobre nenhuma delegação visitando o Cairo”, comentou.

Netanyahu conversa com Biden

Netanyahu falou nesta quinta-feira (4) com o presidente dos EUA, Joe Biden, para discutir o progresso nas negociações. O gabinete israelense estava marcado para se reunir na noite desta quinta.

A ligação entre os líderes se concentrou nos detalhes do acordo de reféns e cessar-fogo, disse o alto funcionário do governo Biden, acrescentando que parece haver uma “abertura bastante significativa” para que o acordo de reféns seja aprovado por todos os grupos envolvidos.

Quando perguntado se o governo acredita que Netanyahu está fazendo política e pode tentar sabotar o acordo, a fonte afirmou que o acordo é estruturado de uma forma que “protege totalmente os interesses de Israel”.

A autoridade acrescentou que Biden terá a oportunidade de falar sobre o acordo com outros líderes mundiais na próxima semana durante a cúpula da Otan, que será realizada em Washington, DC.

*Samantha Waldenberg, Mostafa Salem e Becky Anderson, da CNN, contribuíram para esta reportagem

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