Policial

Viaturas no tráfico rendem 145 anos de prisão

Sentença da 3ª Vara Criminal de Campo Grande atinge grupo ligado à Operação Snow, que usava estrutura policial para transportar cocaína e lavar dinheiro






Somadas, as penas ultrapassam 145 anos de reclusão e R$ 199 mil em multas. Esse foi o resultado da sentença publicada na segunda-feira (29) pela 3ª Vara Criminal de Campo Grande, que julgou 16 integrantes de um esquema de tráfico de drogas desarticulado na Operação Snow, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), vinculado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

De acordo com a decisão, os réus integravam uma organização criminosa com atuação interestadual, especializada no transporte e comercialização de cocaína.

O grupo, segundo reportagem do G1, operava entre julho de 2021 e março de 2024, movimentando grandes remessas da droga a partir da fronteira com o Paraguai, principalmente em Ponta Porã, com destino a Campo Grande e outros estados.

Estrutura e “frete seguro” com apoio policial

As investigações revelaram uma estrutura com funções definidas e participação de agentes públicos, incluindo policiais civis. Conforme o MPMS, viaturas oficiais eram utilizadas para o transporte de drogas, prática conhecida como “frete seguro”, que visava despistar fiscalizações e garantir o escoamento da mercadoria ilícita.

Um dos vídeos anexados ao processo mostra um policial conduzindo um veículo institucional carregado com entorpecentes. Ao longo da apuração, mais de duas toneladas de cocaína foram apreendidas em ações ligadas à quadrilha.

Penas severas e perda de cargo público

O líder do grupo, identificado como empresário, recebeu a maior pena individual, fixada em 23 anos e nove meses de prisão. Já um policial civil foi condenado a 13 anos e 5 meses, além de 950 dias-multa e perda do cargo público. A sentença destacou a gravidade da conduta e o uso da função pública como agravante.

Segundo trecho da denúncia, “a organização criminosa contava com o apoio de servidores da segurança pública, que se valiam da estrutura estatal para o transporte de entorpecentes e ocultação de valores”.

Condenação exemplar

Com a decisão, a Justiça reforça o combate ao tráfico de drogas com envolvimento de agentes públicos, impondo penas que variam conforme o grau de participação de cada integrante. Além das penas de reclusão, as multas aplicadas ultrapassam R$ 199 mil, valor calculado com base no número de dias-multa e no salário mínimo vigente.

A sentença ainda cabe recurso, mas representa uma das maiores condenações coletivas já registradas em Mato Grosso do Sul envolvendo organização criminosa, tráfico e lavagem de dinheiro.