Em entrevista ao Jornal da CBN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a tarifa de 50% dos Estados Unidos contra produtos importados do Brasil, que entrará em vigor em 1º de agosto, só se mantém pela relação 'individual entre Trump e Bolsonaro'.
Ele comenta que não há outros motivos para manutenção, mesmo que o governo Lula tenha procurado isso, como a relação comercial entre os dois países.
Haddad continua dizendo que o Brasil já se reuniu com autoridades americanas mais de 10 vezes neste ano e todos se mostraram 'abertos ao diálogo'. Ele relembrou, por exemplo, a reunião com o secretário do Tesouro dos EUA há dois meses.
'Inicialmente a ideia era reduzir a tarifa de 10% e, de um dia para o outro, passou para 50%'.
'Brasil não vai sair da mesa de negociação. O presidente Lula disse que não fizemos nada para manter a sanção, então estamos engajados permanentemente buscar um caminho de aproximação entre os dois países', completou.
Em meio a tensão com Trump, Lula participa de cúpula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está no Chile para participar do encontro de alto nível “Democracia Sempre”, que reúne também os presidentes da Colômbia, Uruguai, Espanha e o anfitrião, Gabriel Boric, nesta segunda-feira (21).
Embora o evento estivesse previsto há meses, a cúpula ganhou novos contornos com a escalada de tensão entre os países latino-americanos e os Estados Unidos, após ameaças tarifárias do presidente Donald Trump.
Aliados de Lula indicam que o foco da reunião não será uma reação direta ao governo norte-americano, mas temas sensíveis à postura de Trump devem ser abordados. Os líderes devem defender o multilateralismo no comércio global, o combate aos discursos de ódio nas plataformas digitais e a condenação de medidas autoritárias.
Ao mesmo tempo, o tom deve ser contido, especialmente por parte do Chile, que enfrenta uma eleição nacional em breve e teme retaliações econômicas, como tarifas sobre o cobre.
Está prevista uma declaração conjunta à imprensa entre o fim da manhã e o início da tarde desta segunda-feira (21), além da divulgação de um documento de consenso em defesa da democracia. A expectativa é que o texto reafirme princípios democráticos, mas evite menções diretas aos Estados Unidos para não aprofundar a crise diplomática.
O receio é de uma reação semelhante à da cúpula dos BRICS, quando declarações contra Trump foram seguidas de retaliações comerciais por parte do governo norte-americano. (Com CBN)