Policial

Falsa aluna de Medicina da UFMS traz questionamentos sobre segurança

Como uma impostora, ex-aluna de Biologia, assistiu aulas nas salas do curso de medicina, frequentou o HU como estudante estagiária, se envolveu em partos e foi descoberta?






Acadêmicos de Medicina da UFMS denunciaram na segunda-feira (23/06) a presença de uma falsa aluna de medicina em um parto ocorrido no Hospital Universitário no domingo e a participação da falsa aluna no plantão de 12 horas deste dia. Como prova foram apresentadas fotos e relatos nas redes sociais, testemunhas em aulas e plantões, além da participação comprovada em parto.

Na terça-feira (24/06), a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul registrou um Boletim de Ocorrência na 5ª Delegacia de Campo Grande, por exercício ilegal da profissão, envolvendo uma mulher que fingia ser estudante de Medicina na UFMS e chegou a participar de um parto no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap). A denúncia motivou abertura de investigação sigilosa.

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Jaleco bordado com nome  da falsa estudante, com logomarcas da UFMS e curso de medicina.  As imagens de rede social mostram o texto reforçando a crença de que ela teria assumido uma identidade de estudante de medicina.

Como ela supostamente se passou por aluna
A falsa estudante teria aproveitado falhas no controle de acesso do Humap, utilizando áreas sem catracas ou se apresentando como paciente ou acadêmica, conseguindo acesso livre às alas e salas de plantão . Ela era vista circulando nas dependências da universidade, em aulas e internatos, publicando fotos vestindo jaleco e atendendo pacientes, inclusive mostrando-se ao lado de uma mãe e recém-nascida após um parto supostamente ocorrido durante um plantão de 12 horas .

Medidas da UFMS e do Humap
O hospital adotou ações internas imediatas: investigações administrativas foram instauradas e foram tomadas medidas jurídicas, incluindo proibição de acesso da jovem ao campus.
A UFMS, foi acionada pela imprensa inicialmente para entender se haveria participação da Polícia Federal, mas confirmou que o caso está a cargo da Polícia Civil .

Posicionamentos dos alunos
Estudantes afirmam, sob anonimato, que o controle de entrada e saída no Humap é falho: há locais sem fiscalização, catracas nem sempre funcionais e seguranças com abordagem inconsistente .
Um ex-aluno de Odontologia que se formou em 2019 comentou que esse problema não é novidade: “não me lembro de ninguém controlando” . Outro relato aponta que, ao se apresentar como acadêmica, a jovem recebia “ok” tranquilamente.

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Publicação da falsa estudante de medicina, feita em fevereiro do ano passado quando ainda cursava biologia na UFMS. Ela se descrevia  na época com 29 anos.

Quem é a falsa estudante
A falsa estudante havia cursado Biologia até início de 2025 — o curso foi trancado antes de tentar Medicina, sem ter sido aprovada no vestibular. Alunos apontam que a estudante impostora é tem boas condições financeiras e família ligada à produção rural. Aparentemente  tem parentesco com  influenciadora digital que possui  cerca de um milhão de seguidores . Segundo pessoas que já estudaram com ela anteriormente, a descreveram como “esnobe” , ressaltando sempre sua condição familiar .

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Publicações no Instagram/Reprodução de redes – Diversos veículos exibiram capturas de posts dela no Instagram, como a foto do plantão — o que foi decisivo para que universitários e a UFMS percebessem as incongruências.

Situação jurídica e possíveis penalidades
O boletim foi registrado por exercício ilegal da profissão. Ainda que não haja menção de prisão, a investigação poderá apontar também para falsidade ideológica ou falsificação de documentos, dependendo do que for apurado.
Se condenada, pode responder criminalmente – por exemplo, artigo 282 do Código Penal – e ainda enfrentar sanções administrativas. Entre as penalidades possíveis neste caso, estão o exercício ilegal da medicina, falsidade ideológica além da falsificação de documentos.

Polícia e procedimento
A Polícia Civil de MS está conduzindo apurações sob sigilo. O BO foi instaurado no dia 24/06/2025, na 5ª Delegacia de Campo Grande. A investigação buscará identificar se houve uso de documentos falsos, testemunhas, participação de funcionários, e responsabilidades pelas falhas de segurança.

Família e advogado
Até o momento, não houve confirmação oficial de que a família tenha sido identificada ou denunciada. Também não há registros públicos de manifestação de advogado defendendo a jovem; ela até o momento não se pronunciou

Reitoria, hospital e polícia se posicionam
Reitoria da UFMS não se manifestou formalmente sobre o caso, mas o envolvimento da Polícia Civil revela que tomou conhecimento. A Instituição segue com investigações internas e restrição de acesso já implementadas.

O Humap detalhou as falhas de segurança, comunicou que abriu investigação interna, adotou medidas legais e reforçou que a entrada de pessoas não autorizadas foi proibida . A Polícia Civil confirmou apuração e segue em segredo de justiça.