Policial

Servidor da saúde em Dourados é mordido por paciente em surto

Ataque aconteceu durante aplicação de medicação em paciente que aguardava vaga na ala psiquiátrica da UFGD.






Um servidor da área da saúde foi mordido por um paciente em surto psicótico na tarde de quarta-feira (25/06), na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Dourados,  há 240 Km de Campo Grande (MS). O ataque ocorreu no momento em que o profissional administrava uma medicação no paciente, diagnosticado com esquizofrenia, que aguardava vaga na ala psiquiátrica do Hospital Universitário da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

De acordo com as primeiras informações, o servidor recebeu atendimento médico e encontra-se em estado estável, embora não tenham sido divulgados detalhes sobre a extensão dos ferimentos. O paciente permanece sob cuidados médicos e segue em observação até que uma vaga na unidade psiquiátrica seja disponibilizada.

Casos recorrentes de violência
Este não é um episódio isolado. Em janeiro deste ano, uma técnica de enfermagem sofreu fratura nas costelas após ser agredida por um paciente. Já em fevereiro, um médico foi agredido fisicamente e outra profissional da enfermagem foi empurrada e teve os cabelos puxados, também durante atendimentos em unidades de saúde do município.

A sequência de episódios violentos em Dourados levanta preocupações sobre a segurança dos profissionais da saúde em ambientes públicos, sobretudo em situações que envolvem pacientes psiquiátricos ou em surtos.

Segundo o Código Penal Brasileiro, o paciente pode ser responsabilizado pelo crime de lesão corporal (artigo 129), mas como se trata de um paciente em surto psicótico, a Justiça deve avaliar se ele tinha capacidade de entendimento e discernimento no momento do ato. Em alguns casos, a responsabilização pode ocorrer de forma civil, como indenização ao profissional agredido, ou mesmo resultar em medidas de segurança judicial, como internação compulsória.

Falta de dados oficiais
Apesar da gravidade dos casos, não há até o momento um balanço público oficial da Secretaria Estadual de Saúde (SES) ou do município de Dourados sobre o número de agressões contra servidores da saúde em 2025. A ausência de estatísticas dificulta o planejamento de ações emergenciais e de políticas de prevenção à violência dentro das unidades.

Conselhos de classe e sindicatos de profissionais da saúde têm defendido a implementação de um sistema de notificação obrigatória, além de medidas de segurança nas UPAs e hospitais, como equipes especializadas em acolhimento de pacientes com transtornos mentais.

Com a repetição de casos em curto intervalo de tempo, a situação acende um alerta nas redes de atendimento. Especialistas apontam para a necessidade de:
Treinamento de equipes para lidar com surtos psiquiátricos;
Segurança reforçada em unidades de saúde;
Fluxo ágil de encaminhamento de pacientes psiquiátricos para unidades especializadas;
Acompanhamento psicológico dos servidores agredidos.

A mordida sofrida pelo servidor da saúde na UPA de Dourados é mais um episódio que retrata a vulnerabilidade dos profissionais que atuam no SUS diante de pacientes em crise. A falta de dados oficiais e de medidas protetivas consistentes amplia os riscos e reforça a necessidade de uma política estadual efetiva de prevenção à violência no sistema de saúde público.