Política e Transparência

CPMI pode mandar pra cadeia golpistas que tiraram milhões de aposentados do INSS

De acordo com a Polícia Federal e a CGU, o esquema teria desviado cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024 por meio de descontos sem autorização






Um passo importante para apurar um dos maiores escândalos recentes envolvendo o INSS foi dado ontem (12), om o protocolo do pedido de criação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar descontos ilegais em benefícios de aposentados e pensionistas.

O objetivo é claro: identificar os responsáveis por cobranças indevidas e garantir a devolução do dinheiro subtraído de milhões de brasileiros, em sua maioria idosos.

O pedido foi apresentado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e pela deputada Coronel Fernanda (PL-MT), e já conta com apoio de 36 senadores e 223 deputados — número superior ao mínimo exigido.

Agora, falta apenas a leitura oficial do requerimento durante sessão do Congresso Nacional para a comissão ser instalada.

De acordo com a Polícia Federal e a CGU (Controladoria-Geral da União), o esquema teria desviado cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024 por meio de descontos de mensalidades feitas sem autorização nas folhas de pagamento do INSS.

A expectativa é que a CPMI, formada por 15 senadores e 15 deputados, consiga esclarecer como o golpe operava, quem se beneficiou e de que forma o sistema de fiscalização do INSS falhou.

O prazo de funcionamento da comissão será de 180 dias, com custo estimado em R$ 200 mil.

Segundo as parlamentares, a apuração é fundamental não apenas para punir os responsáveis, mas também para reforçar a confiança da população no sistema previdenciário brasileiro.

Lula silencia

Enquanto o escândalo dos descontos ilegais no INSS ganha força no Congresso, o presidente Lula está em Pequim, na China, ao lado da primeira-dama Janja da Silva e de uma comitiva de ministros.

Eles chegaram ao país no sábado (10), após passagem pela Rússia, onde Lula se encontrou com Vladimir Putin e participou da cerimônia pelos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista, que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Apesar da manifestação do próprio INSS sobre o caso, Lula tem evitado tocar no assunto publicamente. O silêncio do Planalto tem chamado atenção, especialmente diante da gravidade dos desvios e da pressão por respostas.

A avaliação de bastidores é que o governo tenta conter o desgaste para não aprofundar ainda mais a queda na popularidade do presidente.

Segundo as autoras do pedido, a investigação é essencial para garantir justiça às vítimas, reforçar os mecanismos de controle e recuperar a confiança da população no sistema previdenciário.

“A maioria das vítimas são idosos e pensionistas, grupo especialmente vulnerável a práticas abusivas”, destacam as parlamentares.