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Por que o preço no mercado dobra, mas a inflação divulgada pelo governo é menor?

Economista explica porque vários preços chegam a dobrar em 1 ano, mas índice da inflação fica em torno de 10%



Cliente escolhe batatas em supermercado da Capital (Foto: Paulo Francis)




O que chamamos de inflação é o resultado de levantamentos e cálculos feitos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para descobrir como estão os preços no país e, a partir disso, pensar a política monetária.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é um desses. É curioso que os índices apontam altas em torno de 10%, enquanto nas prateleiras do mercado, muitos produtos aumentaram 100% de preço.

Em abril de 2021, o preço médio do quilo da batata era R$ 3,63 em Campo Grande. Um ano depois, o valor subiu para R$ 7,08. Isso representa alta de 95%. Outros alimentos seguiram o mesmo caminho. Ainda assim, em doze meses, os preços subiram 12,02%, conforme o IPCA.

Ocorre que o índice leva em conta milhares de itens diferentes em vários locais do país, do Estado e das Capitais. O cálculo, além disso, não se resume a uma média da alta no preço de cada item. Para o índice, o aumento em preços não significa necessariamente que houve inflação.

A inflação não se refere a alta ou baixa momentânea nos preços. O índice tem a ver com a relação entre a quantidade de dinheiro no mercado e a demanda.

O assunto gera tanta confusão, que a maioria dos leitores que responderam enquete do Campo Grande News acham que a inflação divulgada pelo IBGE não reflete a verdadeira oscilação de preços.

Entenda - O economista Eugênio Pavão explica que o cálculo da inflação é uma combinação entre a demanda, peso do produto [no cálculo do índice] e a variação de preço.

“Um exemplo: a gasolina representa 6,5% da inflação, enquanto que o diesel é 2,5%. Desta forma, se ambos subirem 10% no mês, teremos uma inflação de 0,09% do total. É uma média ponderada. Outro exemplo: se o uísque subir 100% no mês e o pão subir 5%, o pão vai determinar o resultado final', detalha o economista.

Em resumo, cada indicador tem sua metodologia, definida pela renda, consumo e outros. Além disso, são trabalhadas médias. “É igual os juros simples e compostos. 5% ao mês em um ano dá 60% ao ano no simples. No composto, dá 80%', explica.