Os incêndios que assolaram o Parque Estadual Pantanal do Rio Negro desde agosto deste ano apresentam um desafio único para os bombeiros: um “colchão biológico” formado por matéria orgânica em decomposição. Essa camada de material, presente no solo arenoso do parque, alimenta um fogo subterrâneo que se espalha lentamente e produz uma densa fumaça branca, dificultando o combate às chamas.
Segundo o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, a combinação do solo seco com a grande quantidade de matéria orgânica em decomposição cria as condições perfeitas para a ocorrência de incêndios subterrâneos. Essas chamas se propagam lentamente por baixo da superfície, dificultando sua detecção e combate.
“É como se o fogo estivesse queimando em diferentes pontos, em focos espessos”, explica um bombeiro em vídeo divulgado pela corporação. “E o pior é que esse fogo pode ‘pular’ para outras áreas, gerando incêndios maiores.”
As imagens mostram a complexidade do problema: o solo arenoso, rico em matéria orgânica em decomposição, forma uma camada espessa que funciona como um combustível para o fogo. Ao escavar o solo, é possível observar que a camada superficial está seca e em combustão, enquanto em profundidade o solo ainda está úmido, o que explica a produção de grande quantidade de fumaça.
A formação desse “colchão biológico” está relacionada à história geológica e ecológica da região. Áreas que antes eram alagadas acumularam grande quantidade de matéria orgânica, que se decompôs ao longo do tempo. Com a seca prolongada e as altas temperaturas, esse material se tornou altamente inflamável.
Os incêndios no Pantanal do Rio Negro têm causado danos irreparáveis ao ecossistema, destruindo a vegetação nativa, afetando a fauna e liberando grandes quantidades de gases do efeito estufa. Além disso, a fumaça produzida pelos incêndios causa problemas respiratórios e outros problemas de saúde para a população local e para os animais.
Os bombeiros estão enfrentando grandes dificuldades para controlar os incêndios no Pantanal do Rio Negro. As equipes trabalham incansavelmente para conter as chamas, mas o terreno acidentado, a densa vegetação e a presença do “colchão biológico” dificultam o acesso às áreas atingidas pelo fogo.